quarta-feira, 30 de junho de 2010

Telepatia

A distância não muda,
mas o tempo ainda passa.

Como será que você,
de tão longe,
me abraça?

domingo, 27 de junho de 2010

Vida, divina diva.
Vida, vadia vívida.
Dividida em duas, vendida.
Dádiva?
Dívida?
A vida é uma dúvida, deveras.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Viver perdida é meu vício,
eu me perco a cada instante
E tudo volta ao início:
nada é como era antes.

E quando fico distante,
pra encontrar meu ofício
Nada é como era antes:
e tudo volta ao início.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

De madrugada

Ao longe, o som da insônia.
A lua, luz e saudade.
E pela janela,
que é minha tela
Essa luz revela,
ao passar por ela
A cor da noite
Tingindo meu chão de escarlate.

Do quarto, o sono encobre.
A chama, luz e vontade.
E sua, queimando à vela
Eu nua, na passarela
Da cor da noite
Até que o sono me bate.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vazio

Não tenho medo do mundo
O mundo não me destrói
Meu desejo é tão profundo
Que no coração me dói

Não tenho medo da vida
Viver é um ato eterno
Uma eterna despedida
Uma saída pro inferno

Meu medo é coisa pensada:
Do coração tiro o medo
E quase não sobra nada

Esse vazio me distrai
Um vazio que me dá medo
E do próprio medo sai

Além vida:

A vida às vezes furta
aquilo que a gente pensa.
Às vezes parece tão curta,
às vezes parece imensa.
Viver às vezes assusta,
viver às vezes compensa.

Viver também desaponta
se não houver recompensa
por viver, afinal de contas.
E lá estava ela esquecida
perdida no seu sono pleno
a menina que temia a vida
e achava o mundo pequeno.

A solidão lhe aquecia,
tão densa, lhe fazia bem.
E esse sentimento morno
que era o conforto de amar ninguém.

Com seu cabelo desfeito,
e seu destino guardado,
na calma escondida dentro
de seus pequenos olhos fechados,

ela não tinha saída:
a porta estava fechada.
Ela só tinha a vida:
ela tinha tudo e tudo era nada.

Seu mundo era impreciso,
o amor era impreciso,
sua vida era imprecisa
como as suas palavras.

E assim acordou, vazia,
e viu seu mundo em pedaços.
Não havia lugar pra ela naquele mundo,
não havia espaço.

E nesse mundo pequeno,
ela notou não caber.
Mas como pode o mundo
ser tão imenso e não lhe conter?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

meu coração e as páginas:
não há nada que mereça essas palavras.
não há nada que mereça a tinta da caneta,
nem a minha caligrafia apressada.
não há nada que mereça de mim esse poema,
esse problema numa folha amassada.
as palavras não merecem ser lembradas.
não há nada que mereça o meu punho aflito.
não, não há nada que mereça ser escrito.